15 de janeiro de 2010

Eu ser quero pop!


O lance de ser alguém conhecido, ter seguidores e juntar milhões de amigos é uma febre que anda se alastrando entre a galera. Até mesmo quem não assume essa vontade de ser popstar sonha, lá no fundo, com o posto de mais popular da turma. No Orkut, há mais de mil comunidades do tipo "quero ser famosa". Aliás, a rede social é uma das muitas ferramentas que o pessoal que curte fazer contatos usa para ganhar certa fama, assim como o MySpace, o Twitter, o Facebook e o YouTube. Muita gente que está ali não quer simplesmente se relacionar, mas também aparecer. O fenômeno não rola apenas no Brasil. Uma pesquisa da rádio irlandesa RTE descobriu que, de cada 10 adolescentes irlandeses, oito sonham com a fama como uma "carreira".
A principal motivação para buscar o sucesso é ganhar dinheiro - resposta dada por 61% dos entrevistados. Outros 50% adorariam ser uma celebridade, só porque "acham divertido" ser reconhecido nas ruas. E tem, também, os que sonham em brilhar só para mostrar aos outros o quanto estavam errados em sua opinião sobre eles. Essa foi a resposta de 40% dos participantes.



Por que todo mundo quer ser famoso?
Muitas dessas respostas dadas pelos adolescentes lá da Irlanda fazem sentido, mesmo. Afinal, quem não gostaria de ganhar dinheiro às pencas, e de mostrar para o ex que agora está sendo disputada a tapa pelos pretês, por causa do sucesso?
Mas a busca por alguns minutos de fama também tem a ver com a nossa autoestima. Como não conseguimos nos sentir especiais do jeito que somos, buscamos incansavelmente uma maneira de impressionar os outros, conquistando algo surpreendente, uma posição diferenciada na turma. É assim que esperamos que nos admirem, para, a partir daí, nos admirarmos, também.
Há, ainda, por trás dessa necessidade de buscar reconhecimento, uma mania (muitas vezes inconsciente) de rivalizar com tudo e todos. "Em vez de apenas relacionarem-se, muitos jovens acabam competindo entre si", explica a hebiatra (especialista em adolescentes) Evelyn Eiseinstein.

Vale a pena perseguir a fama?
Para muitas pessoas, o reconhecimento não é uma passagem sem volta para um mundo de futilidades. Tem quem aproveite o sucesso para mostrar seu talento a mais gente, e até para disseminar mensagens do bem. E, claro, grande parte dessa galera não pira quando começa a ser parada nas ruas para um "autografozinho". Quem já ralou muito, perseguindo uma oportunidade de ser conhecido, acaba vendo o sucesso como um prêmio, e normalmente dá o maior valor ao que construiu. Mas, para outros tantos, a fama vem quase por acaso, sem esforço nenhum. E, nesses casos, ela também costuma ir embora na mesma velocidade (veja box Sobe e Desce dos ídolos).
Mas a pergunta que não quer calar é: se o objetivo é sair do anonimato vale qualquer coisa? Para algumas pessoas, a resposta é sim. Elas perseguem uma única oportunidade, por menor que seja, de aparecer. Participam de concursos, colam nos famosos (na tentativa de pegar uma carona na fama deles), concentram todas as suas energias num blog, comunidade, ou qualquer outro espaço onde possam atrair as atenções para si.
E é aí que as coisas começam a complicar. Segundo a hebiatra, são os valores (como o respeito a si próprio e ao outro) que diferenciam uma busca saudável pelo reconhecimento de um lance, digamos, doentio. Ou seja, quem topa tudo, tudo mesmo, pela fama - traindo, inclusive, suas crenças e fazendo coisas que sabe que são erradas -, é que pode estar entrando numa grande fria, mesmo sem perceber.
Para a psicanalista Beatriz Valle, co-coordenadora do Centro de Estudos e Psicanálise para Infância e Adolescência (CEPIA), tudo é uma questão de "grau", do quanto se deseja a fama. "Todo excesso é um sinal de que algo não vai bem. Se um determinado comportamento é repetido obsessivamente, o sintoma deve ser analisado, e até tratado com um profissional, se for o caso", aconselha.


Qualquer um pode virar celebridade?
Teoricamente, sim. Afinal, existem mil maneiras de se garantir um lugar ao sol, quando o assunto é aparecer. A internet, por exemplo, é uma das ferramentas mais eficientes para quem quer ficar famoso - nem que seja só por alguns minutos.
Tirar fotos ou fazer filmes de si mesmo, e depois espalhar esse material todo na rede, virou um tipo de tendência. Nessas produções caseiras, tem quem imite seus ídolos. E tem, também, os que tentam se destacar por suas peculiaridades ou, em muitos casos, suas esquisitices, mesmo. "Todo mundo deseja algum tipo de reconhecimento. Mas aqueles que têm mais acesso às ferramentas tecnológicas são os que conseguem se sobressair", avalia a psicanalista Beatriz Valle.
O problema é que tanta exposição na internet pode fazer a gente se envolver em várias roubadas, e até nos transformar em vítimas de crimes da web. Nas redes sociais, como o Orkut, é fácil copiar fotos, editar imagens e ainda publicar perfis falsos.
A pedofilia também não é lenda, nem novidade. Não são poucos os casos de caras mais velhos, que entram em salas de bate-papo ou nos perfis das garotas, fingindo que são adolescentes. Quem tecla com esses desconhecidos cheios de más intenções acaba ficando exposto a todos os tipos de violência psicológica e sexual. "Existe uma falta de limite entre o que é público e o que é privado. Todo mundo quer ser mais, ter mais. Isso pode deixar os adolescentes mais vulneráveis do que eles imaginam", alerta a hebiatra.
E, já que não existe uma legislação definitiva para coibir abusos desse tipo, o bacana é que cada um cuide da sua segurança, usando o famoso bom senso na hora de compartilhar informações muito pessoais.

creditos: Atrevida

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