11 de dezembro de 2012

Amar, Mudar e Crescer. Amadurecer. – Por Luísa Xavier


Você mudou”. Estão aí duas palavras poderosas. Principalmente quando são direcionadas à você. Rola um frio na espinha, meio segundo de silêncio e a gente, na maioria das vezes, tende a rebater. “Tá louco? Continuo a mesma pessoa!”. Como se isso fosse o óbvio, o lógico, o melhor, e o politicamente correto. Mas no fundo, a gente tá olhando pra dentro e se perguntando baixinho “será que eu mudei?”.
Eu queria saber de onde que vem esse medo de mudar. Em algum lugar do mundo, um não-sei-quem começou com essa história de que mudar é ruim. De que ter dúvidas é sinônimo de insegurança, e seguir na certeza e imutabilidade é sinal de coerência, de respeito. Vamos deixar algumas coisas claras: a gente vive em constante mudança, nossos pensamentos estão se modificando o tempo todo. Não tem nada de errado em mudar de idéia, em trocar de opinião. Pensar bem e perceber que você pode estar errado é o maior acerto do mundo! Na minha opinião, se permitir mudar é o caminho. Eu digo mudar no sentido de experimentar, de se perdoar, de pensar diferente e depois, sei lá, voltar a pensar como antes. Eu falo em não se prender a todos os limites que você se impôs, as promessas que você se fez ou as palavras que um dia proferiu.
Já perdi a conta de quantas vezes eu me jurei alguma coisa e voltei atrás. Mas sabe, se contradizer às vezes é necessário. Em verdade, alguma das melhores coisas da vida vão fazer você se contradizer. A gente tem que entender que nosso meio, as pessoas, nosso corpo, vontades, desejos, sonhos, cabeça, sentimentos, tudo está se modificando a todo o momento. A gente não pode se prender ao orgulho pra não admitir que agora gosta do que outrora detestava. Ou se prender a uma relação em que os dois fingem que o sentimento está intacto. É preciso ter honestidade e coragem pra olhar as coisas como são e percebê-las como realmente estão.
Já vesti coisas que não vestiria nunca mais, curti bandas que hoje não agüento ouvir, fui amiga de pessoas que não olham pra minha cara e namorei uns carinhas que descobri que não tem nada a ver comigo. Eu olho pra trás e vejo que fiz coisas das quais me orgulho, coisas que eu nunca contei pra ninguém, e coisas que eu nunca faria de novo. Mas é engraçado, por que eu vejo tudo isso e não me arrependo. Me pergunto: putz como é que eu fiz isso? Em que merda é que eu tava pensando? E em vez de me martirizar ou tentar esquecer, eu sorrio. Sorrio por que vejo que eu tinha outro pensamento, outras idéias, que hoje eu considero exageradas, muito loucas ou muito chatas. Que hoje nem passariam pela minha cabeça. Mas eu sei que pra eu ter feito daquele jeito, eu quis que fosse assim. Pra mim, em algum momento, fez sentido. E eu gosto de sentir que eu pensava diferente. Eu me despeço com saudades de uma parte de mim que não existe mais, mas que fez eu ser quem eu sou e me deu lembranças incríveis.
Com o tempo, a gente risca algumas coisas das nossas listas, realiza alguns dos nossos sonhos, reorganiza as nossas prioridades, conhece um punhado de gente especial e faz mais algumas promessas. Às vezes alguns acontecimentos surpreendem nossas expectativas, outros fogem da nossa zona de conforto, e quando vamos ver a gente cresceu mais do que achávamos que podíamos. Se eu pudesse deixar um conselho pra todos os meus amigos, seria esse: De tempos em tempos, separe um espaço do seu dia. “Recapitule” a sua vida. Nem sempre a gente entende ou concorda com tudo que a gente fez, mas com certeza a gente ri bastante, e muita coisa passa a ter um significado que não tinha naquele tempo. O que vale mais a pena é olhar nossa trajetória, sentir saudade de quem fomos e sentir na pele nosso amadurecimento. Se perdoe por todas “aquelas burradas” que algum dia você fez, sem elas você não seria hoje essa pessoa tão forte e não teria esse coração tão grande. Pois é, você mudou.

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