SOBRE LOOK DO DIA E OUTRAS FAROFAS DE BLOGUEIRA

Achei esse texto salvo nos meus favoritos, devia estar lá faz um tempo, e resolvi postar pra vocês lerem. É um pouco comprido, mas é legal! É do "Coisa de irmã", escrito por Alice Roberte. 

"Ontem me deparei com uma foto de bolsa de marca no Instagram de uma blogueira comercial, participante do F*hits. O que chamou a atenção foram os comentários que criticavam de maneira amigável e respeitosa esta questão de grifes x blogueiras. Acabei entrando na conversa e decidi escrever a crítica sobre a blogosfera de moda atual.

No começo do interesse por blogs de moda, fiquei fascinada com tantas facilidades, eventos importantes e roupas de grifes que as blogueiras postavam massivamente. Mas após um tempo pesquisando, comecei a enxergar a repetição, a falta de originalidade, a futilidade e a irrelevância da maioria dos posts.

A comercialização deste viés da Internet modificou a funcionalidade dos blogs e restringiu a originalidade dos autores. O que nasceu como espaço para compartilhar opiniões e debater assuntos diversos se tornou um novo meio de publicidade. Os blogs comerciais, fonte única de renda para alguns brasileiros e brasileiras, são formadores de opinião. Estes acabam por levar os não comerciais na onda do que é falado: “Está em todos os blogs, preciso postar também!!!!”. A blogosfera se transforma numa redundância sem fim, com linguagens, fotos, poses e até personalidades parecidas. Quem nunca viu 36579 combinações iguais?!

A primeira prime network de blogs de moda do Brasil unificou um grupo de blogueiras para comercializar espaços no blog, posts, opiniões. Resultado: posts parecidíssimos, para não dizer iguais, de jabás, parceiros e patrocinadores; todos eles lançando a moda pelas formadoras de opinião, sem a opinião verdadeira das mesmas. Como saber se o produto é realmente bom se as moças são pagas para falar bem dele? Não só a rede, mas socialites paulistas, goianas e de outros cantos, vivem postando looks superfaturados sem a menor criatividade. O profissionalismo transformou os blogs em editoriais online, nos quais os publiposts dominam as publicações (muitas vezes sem a devida sinalização); e falta opinião pessoal e críticas de qualidade.

Denúncias da Blogueira Shame apontam para esqueletos de posts repassados por parceiros para que cada blogueira introduza a sua linguagem a fim de apresentar algum produto. Cadê a cara de pau de rejeitar uma coisa dessas? Cadê autonomia para dizer não? Cadê a ética para aceitar somente os produtos pelos quais as autoras têm verdadeira simpatia e utilizam no dia a dia?

Um exemplo disso foi o bafafá do lançamento da Melissa em NY. A marca preferiu convidar duas blogueiras de grande visibilidade em favor das autoras de blogs dedicados à marca. Detalhe: as convidadas nem Melissa usam, para não dizer que falam mal quando têm oportunidade. Resultado: melisseiras com raiva, twittosfera bombando com a hashtag #melissafail. O marketing mal feito foi por água baixo e deu trabalho para consertar.

Outra questão importante é o consumo exagerado e fora da realidade que sempre aparece noslooks do dia; categoria pela qual a blogueira posta combinações de roupas e acessórios. Os artigos de luxo aparecem nas mais variadas situações e chegam a compor um look por completo. Mas para quê mostar isso tudo se as leitoras não podem se inspirar? E qual o propósito de tanto exibicionismo? LV, Hermès, Prada, Gucci, Pucci… blá, blá, blá. Todas ficaram tão iguais… as leitoras não têm para onde correr. As leigas e autoras de blogs não comerciais seguem à risca o que é passado pelos mainstreams e cada uma arranja um jeito de copiar: mandam para a costureira e se adaptam à moda em questão. Elas SE ADAPTAM… as famosas  fashion victims tentam seguir a enxurrada de tendências que aparecem todos os dias nas mídias tradicionais e nos blogsde moda.

Cadê critérios para distinguir a inspiração da “amostração”? Cadê transposições, estampas diferentes, achados em brechós, looks de fast fashion? Cadê opção para as leitoras e variedade de estilos? Não critico aqui o gosto por artigos de luxo, pois todo mundo gosta de coisas de qualidade exclusivas, mas o exibicionismo está beirando a falta de noção de muitas. A originalidade precisa voltar pois o sistema já está começando a ruir!!!

Enfim… precisava falar isso!!! Espero que ninguém tenha se sentido ofendido, mas se a carapuça serviu, aceite enquanto  crítica – positiva ou não."